Palavras...

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quinta-feira, 28 de maio de 2015

3 Bons livros para ler rapidinho (#4)

Como é bonito, ver uma criança tomando gosto pela leitura...



Hoje a sugestão é para agradar, principalmente, aos leitores pequeninos...


 "Fofuras" da literatura infantil brasileira

Se você é mãe, pai, tia, tio, madrinha ou padrinho de crianças com até 7 anos de idade, aqui tenho a sugestão de três textos adoráveis e inteligentes.

Sou adepta da ideia de que, quanto mais cedo você lê e dá livros para crianças, maiores são as chances de conseguir plantar nelas o amor e a atração por eles.

Confesso que o trabalho não é fácil. Sou mãe de uma menina de 9 anos e sei quantos “rivais” a literatura tem hoje em dia. Mas ainda assim, acredito que com o estímulo adequado e os livros certos, dá para reverter as eventuais desvantagens.

Todos os livros desta lista, foram lidos e relido por mim e por minha filha. São todos deliciosos e contém lições sutis, porém valiosas, para os pequenos.

Vamos a eles:

Livro 1:
 

QUEM TEM MEDO DE MONSTRO?

Autora: Ruth Rocha

Editora: Global

22 páginas



"Quando você descobre que o fantasma que deixa você com medo, morre de medo de lobo mau dá um certo alívio. Mas, e quem tem medo de monstro?"
 
 
 
 
Dei QUEM TEM MEDO DE MONSTRO? de presente no primeiro Natal de Celine (ela tinha 7 meses). O texto é todo em rimas e quando ela tinha uns 2 anos era muito fofo vê-la lembrar e completar as frases da história.

"Era uma bruxa malvada / que assustava a criançada / com seu terrível ruído... / Mas o que ninguém sabia / é que ela também sofria, / tinha medo de bandido!"
 

Livro 2:
 
MENINA BONITA DO LAÇO DE FITA

Autora: Ana Maria Machado

Editora: Ática

24 páginas


"As histórias que Ana Maria Machado escreveu para esta coleção são como barquinhos de papel. Delicadas, conduzem suavemente a universos que a autora foi buscar na tradição oral."
 
 
 
 
Este foi um paradidático da pré-alfa e um livro que fez minha filha dá altas gargalhadas com as ideias que o coelhinho tinha para ficar pretinho...

"O coelho saiu dali, procurou uma lata de tinta preta e tomou um banho nela. Ficou bem negro, todo contente. Mas aí veio a chuva e lavou todo aquele pretume, ele ficou branco outra vez."

Livro 3: 
 
 
GATO QUE PULAVA EM SAPATO
Autora: Fernanda Lopes de Almeida
Editora Ática
 
 
 
 
"Mimi tem todo conforto: laços coloridos, leite no pires, uma linda cesta para dormir... A dona só não quer que ele suba no telhado. Ora, é exatamente isso que Mimi adora fazer."
 
Foi com este livro que minha filha aprendeu o que é super proteção. Perdi as contas de quantas vezes ouvi dela:
 
"AH mãe! Você é muito super protetora. Tá parecendo a dona de Mimi!"
 
(...)
 
É minha gente... a literatura liberta!
 
 
Um beijo e leiam para suas crianças...


 

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Clube do Livro #1: THE BELL JAR de Sylvia Plath

Como é bom ter com quem conversar sobre livros ;)


Tudo começou meio por acaso.

Eu encontrei o livro de Sylvia Plath em inglês, nesta edição linda, na livraria SARAIVA do Shopping Recife.

 
 
 
THE BELL JAR 
Autora: Sylvia Plath
Editora: Harper Perennial
244 páginas

 
 
 
 
 
 
Fazia tempo que queria ler A REDOMA DE VIDRO e já tinha colocado como meta comprar a edição brasileira, mas como esta apareceu antes, e o preço estava muito bom (R$ 22,00) nem pensei duas vezes.

Falei com minha amiga Ane (lacunasdotempo.blogspot.com),  com quem sempre troco figurinhas literárias, e comentei do meu "achado". Ela foi lá e comprou. Uma amiga dela também. Aí resolvemos marcar uma data para nos reunir e expor nossas impressões sobre o texto.

Marcamos e desmarcamos algumas vezes, até que, finalmente, sábado passado (23/05/2015) aconteceu o primeiro encontro de nosso clube de leitura!

- Gente, quem puder faça o mesmo...
 
Poucas coisas são tão gostosas quanto passar uma tarde INTEIRA trocando figurinhas sobre um bom livro. É uma verdadeira terapia.

Dei sorte de encontrar duas pessoas que além de gostarem muito de ler, entendem de teoria literária, o que enriquece um monte a conversa. Mas ainda acho que o amor pelos livros sempre fala mais alto nestas horas.

E o texto de Sylvia Plath é uma COISA!!! Tão envolvente e tão DIFERENTE que só lendo para entender.

Vou tentar resumir:

The Bell Jar é um livro de memórias.
Esther Greenwood nos conta sua história a partir do verão de 1953, quando estava em Nova York fazendo estágio em uma famosa revista feminina. Esther era uma daquelas alunas brilhantes, que só tirava A+ em TODAS as matérias da escola, que conseguiu bolsa de estudo para as melhores universidades e que vencia todos os concursos dos quais participava (o estágio foi, inclusive, o prêmio de um destes concursos). Só que durante o período do estágio ela começa a “se perder” e a não “enxergar” sentido nas coisas e eventos que estava vivenciando. Nova York estava bastante ruim e o fato que mais ocupava seus pensamentos - em um momento que deveria ser de comemoração de conquistas - era o destino do casal Julius e Ethel Rosenberg, condenados à morte por espionagem e eletrocutados naquele mesmo verão.

O livro começa exatamente assim:
 
“Era um verão estranho, sufocante, o verão em que eletrocutaram os Rosenbergs, e eu não sabia o que estava fazendo em Nova York. Tenho um problema com execuções. A ideia de ser eletrocutado me deixa doente, e os jornais falavam do assunto sem parar – manchetes feito olhos arregalados me espiando a cada esquina, na entrada de cada estação de metrô, com seu bafo bolorento de amendoim. Eu não tinha nada a ver com aquilo, mas não conseguia parar de pensar em como seria acabar queimada viva até os nervos.”
 
Temos então, o relato desta menina brilhante, sufocada e aprisionada pelo próprio brilhantismo, perdendo completamente o controle de seus atos e a vontade de viver.

O modo como Esther narra o desmantelamento de sua sanidade não é, porém, em momento algum, desesperado ou depressivo. Ela é tão lúcida e tranquila que às vezes demoramos até compreender a gravidade da situação. E por vezes tão irreverente que em alguns momentos chega à beira da comicidade.

Só à beira...

A REDOMA DE VIDRO é um texto autobiográfico. Quem conhece a história “real”, sabe que não houve a plena restauração no equilíbrio da heroína. E penso, que no fim das contas, o que dá o gosto amargo do livro é o triste destino de Sylvia.

Sylvia Plath: "Eu não conseguia me fazer reagir."
 
Obrigada Ane e Marta!
O primeiro encontro do clube foi uma experiência deliciosa. 
 
 
Beijos para todos e boas leituras!
 

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Mais Mangá: MONSTER #18 – Scenery of the Doomsday.

Como não aplaudir o Sr. Urasawa?


 
Seu Gênio!!!

Faz dois dias que eu conclui a leitura do último volume de MONSTER. A história não sai da minha cabeça e vez por outra me pego relendo as últimas páginas. Não verifiquei no espelho ainda, mas devo ficar com uma cara mais ou menos assim:

W.T.F... ?!?!?!?!
 
Para quem não sabe como começou minha “fissura” por esta história, dá uma lidinha no artigo À SOMBRA DE UM MANGÁ que escrevi em janeiro. Lá eu conto o caso.
 
Continuo com a mesma opinião: Naoki Urasawa dá um show na criação do enredo, construindo aquele climão, que aterroriza e ao mesmo tempo hipnotiza o leitor.

 


 
MONSTER #18
Autor: Naoki Urasawa
Editora: Panini Comics / Planet Mangá
252 páginas 
 
 
 
 
 


"Ruhenheim... um lar tranquilo. Para transformar um homem real em um personagem fictício basta eliminar todos que o conhecem e que sabem de seu passado. Nessa cidade, um homem tenta cometer este "suicídio completo". Conseguirão Lunge e Grimmer interromper a carnificina? Quando Tenma e Nina ficam cara a cara com Johan, o segredo do nascimento do monstro finalmente é revelado." 
 
Quero deixar bem claro que não sou fã de thrillers, violência ou tramas com  muitas conspirações e reviravoltas. Na maioria das vezes, acho que os escritores perdem a mão e a coisa toda acaba meio forçada e repetitiva. Mas o danado do Naoki sabia o que estava fazendo quanto criou este mangá, minha gente! A história é muito bem amarrada, as personagens bem construídas e o ritmo é sensacional.

Quando terminava um volume eu ficava: “AI MEU DEUS!!!! E AGORA? E AGORA?”

Pois é... E AGORA???

E AGORA, Doktor Tenma?!?!?!?
 
Terminou!

Não terei mais o gostinho de chegar à banca de revista e perguntar: “Já chegou Monster?”

E devo confessar que estou com um mix de sentimentos.

Satisfeita por ter descoberto uma história tão boa e tão bem conduzida.

Tristinha, pois fico achando que não encontrarei nada do gênero que seja tão legal quanto...

SNIFF! SNIFF!
 
Mas, sigamos em frente...

Meus sinceros agradecimentos ao Sr. Urasawa; Muito, muito obrigada por ter concebido e publicado um trabalho desta qualidade.

Meu apelo à PANINI; Por favor, re-reeditem MONSTER! Eu preciso ter todos os volumes desta obra prima.

Bom fim de semana e ótimas leituras! 

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Não é resenha, é experiência: A MULHER QUE ESCREVEU A BÍBLIA de Moacyr Scliar.

 Como eu encontrei meu "Livro de Apoio"...


Moacyr Scliar: Irreverente.
 
Muita gente conhece do Rei Salomão a passagem em que ele resolve uma questão de legítima maternidade. A situação foi a seguinte: Duas mulheres, presumidamente prostitutas, moravam juntas e tinham bebês da mesma idade. Um dia, uma das crianças morre e as duas alegam que a sobrevivente é sua. Como DNA não era uma opção naquele tempo, cabia ao rei a palavra final para solucionar perrengues desta natureza.

Então, Salomão consegue resolver a situação de uma forma brilhante e surpreendente (ver Primeiro Livro dos Reis, capítulo 3, versículos 16-28), o que faz dele um rei ainda mais respeitado. Reconhecidamente sábio e justo.  

"E todo o Israel ouviu o juizo que havia dado o rei, e temeu ao rei; porque viram que havia nele a sabedoria de Deus, para fazer justiça" (I Reis 3: 28)

Um fato menos alardeado da vida deste homem tão famoso por sua inteligência e bom senso é que ele era o feliz proprietário de um enorme harém. Sim, Salomão tinha muitas esposas e muitas concubinas.

A história de A MULHER QUE ESCREVEU A BÍBLIA é contada por uma destas esposas.
 
 

 
A MULHER QUE ESCREVEU A BÍBLIA
Autor: Moacyr Scliar
Editora: Companhia de Bolso
162 páginas
* Prêmio Jabuti 2000 de Melhor Romance.
 
 
 
 
 
Com o auxílio de um terapeuta de vidas passadas, uma jovem descobre que em uma encarnação, no século X a.C. foi uma das esposas do rei de Israel. A única que sabia ler e escrever. Aquela que chama a atenção do monarca e o encanta com esta habilidade tão incomum. A mulher a quem ele dá a incumbência de escrever a História da Humanidade. A mulher mais feia de seu harém...

"A feiura é fundamental, ao menos para o entendimento desta história. É feia, esta que vos fala. Muito feia. Feia contida ou feia furiosa, feia envergonhada ou feia assumida, feia modesta ou feia orgulhosa, feia triste ou feia alegre, feia frustrada ou feia satisfeita - feia, sempre feia."

Doida de paixão, a mulher (que não tem o nome apresentado) aceita o desafio, pois entende que seu cumprimento é o único meio de conduzi-la ao coração e à cama do rei. Aliás, as descrições dos desejos e das fantasias que ela tem com Salomão são de embolar de rir!

"Ao vê-lo, uma vertigem se apossou de mim. Cheguei a cambalear; a encarregada do harém teve que me amparar para que eu não caísse. Que homem lindo, Deus do céu. Eu nunca tinha visto um homem tão lindo (...). De imediato me apaixonei por ele. uma paixão avassaladora, definitiva, a paixão que, eu tinha certeza, daí em diante governaria minha vida." 

Já li o livro três vezes. Sempre me impressiono com a capacidade de Moacyr Scliar em criar situações inusitadas, hilariamente constrangedoras e divertidas usando uma história bíblica como mote.

A MULHER QUE ESCREVEU A BÍBLIA virou para mim um confort book. Toda vez que sinto que vou entrar em uma ressaca literária, ou quando estou desanimada precisando de um gás é ele que me socorre e me anima. É risada na certa!
 
Boa Leitura para todos!

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Fora da zona de conforto #2: MORTE SÚBITA de J. K. Rowling

Como podemos aprender que sim, também há misérias acima da Linha do Equador...


Passada e impressionada...
 
Você pensa que tem problemas? Que está cercada(o) de pessoas negativas, que só querem lhe ver para baixo? Sua família lhe irrita e sufoca? Você se sente desrespeitada(o)? Acha que problemas sociais só existem em países como o nosso?

Leia MORTE SÚBITA, e talvez entenda que seus problemas são minúsculos e que há mazelas e gente ruim em todas as partes deste globo.






MORTE SÚBITA

Autora: J. K. Rowling

Editora: Nova Fronteira

501 páginas
 
 
 
 
 
 
 
O livro de J. K. Rowling começa contando rapidamente as últimas horas de vida de Barry Fairbrother. O narrador nos apresenta tudo o que está se passando pela cabeça da personagem até o momento em que ela tomba e morre. São apenas duas páginas. Se você leu a sinopse do livro já sabe que o cara vai morrer, mas para mim foi extremamente angustiante.

E a história vai ficando cada vez mais árida à medida que vamos conhecendo as outras personagens e entendendo o que a morte de Fairbrother representou para cada uma delas e para a estrutura da cidade em que morava; a fictícia Pagford.

"Nos reconhecemos em Pagford, em seus conflitos  e no seu dia a dia. No entanto, naquela pequena cidade a morte súbita de Barry Fairbrother provoca um abalo sísmico na vida de todos e de cada um. J. K. Rowling nos mostra que a vida da cidade e de seus habitantes se equilibrava como peças de um dominó, postas em pé a contragosto. Barry Fairbrother estava no cobiçado lugar da primeira peça, aquela que não podia tombar. J. K. Rowling constrói um personagem ausente, movimentando a trama exatamente por não está lá."
 

Em minha opinião, a autora deu um show na construção das personalidades dos envolvidos. E, como ela deixa o leitor a par de todos os atos e pensamentos de cada um deles, presenciamos, página após página, a enxurrada de patifaria, descriminação, mesquinharia, falsidade, brutalidade e um monte de outras coisinhas podres que os seres humanos são capazes de espalhar.

Falando assim parece que a leitura é difícil, mas não. O tema é barra-pesada, mas a escrita da Sra. Rowling é formidável e mesmo com tópicos extremamente incômodos para mim - como tramoias políticas,  bullying, violência domestica e sexual - eu me envolvi profundamente com a história e tenho planos de relê-la.

Para quem achava que J. K. Rowling era uma escritora de livros infanto-juvenis de fantasia ficou a lição: compreendi que ela é uma ESCRITORA, com perfeito domínio da técnica de criar e desenvolver tramas. Uma profissional que faz seu trabalho de modo primoroso e merece todo sucesso que alcançou.

 
É boa no que faz.