Algumas almas, uma vez feridas, jamais cicatrizam.
"Frei Simão era um frade da ordem dos Beneditinos. Tinha, quando morreu, cinquenta anos em aparência, mas na realidade trinta e oito. A causa desta velhice prematura derivava da que o levou ao claustro na idade de trinta anos, e, tanto quanto se pode saber por uns fragmentos de memórias que ele deixou, a causa era justa."
Assim começa o conto FREI SIMÃO, o último texto de CONTOS FLUMINENSES. Um conto curto, mas tão denso, e com tantos fatos, que Machado o dividiu em 5 capítulos.
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| Editora Globo, 218 páginas |
No primeiro capitulo a personagem é apresentada como uma figura de "caráter taciturno e desconfiado", que não se relacionava com nenhum de seus colegas de convento e só deixava a cela para as refeições e nas horas dos ofícios da religião.
Então ele adoece. Depois de 5 dias de moléstia chega seu último momento. O abade se aproxima para dá o consolo final ao moribundo e Frei Simão sussurra a seguinte frase em no ouvido do religioso: Morro odiando a humanidade!
O choque de todos no convento só não é maior que a curiosidade gerada por tão amargurada afirmação. Que coisas horríveis teriam feito aquele homem, um homem da igreja, abrigar tanto ódio?
Quando sua cela é esvaziada alguns papeis com anotações sobre sua vida são encontrados. Os capítulos seguintes contam sua história e explicam o sentimento do frade infeliz.
"O autor desta narrativa despreza aquela parte das Memórias que não tiver absolutamente importância; mas procura aproveitar a que for menos inútil ou menos obscura."
E pense numas memórias cascudas!
FREI SIMÃO é uma histórias que nos pega de surpresa, tanto pelo enredo, como pela maestria de contar em poucas páginas o relato de toda uma vida.
Machado era fogo...
Um beijo e ótima leitura.
