"- É porque nos amamos. Estamos confundidos, cada um é si próprio e também o outro.
- Isso não é amor. Não se perde a identidade no amor. Mas no escritório, na vida coletiva; ou na demasiado solitária, por falta de pontos de referência. No amor, pelo contrário, devemos reencontrar nossa identidade perdida."
Osman Lins: O dono o olhar. |
O conto OS CONFUNDIDOS está em Nove Novenas, livro publicado em meados da década de 60 e considerado, tanto pela crítica nacional com pela estrangeira, um dos melhores lançamentos de ficção da época.
Bem, o que eu posso dizer é que eu entendo porque (especialmente) os franceses gostaram tanto dos textos de Osman Lins.
Falando especificamente de OS CONFUNDIDOS, a história tem aquele climão emocional-intelectual-filosófico que o pessoal de lá adora nas artes literárias e cênicas.
Falando especificamente de OS CONFUNDIDOS, a história tem aquele climão emocional-intelectual-filosófico que o pessoal de lá adora nas artes literárias e cênicas.
O conto parece uma peça de teatro em um ato.
Temos um casal dialogando e um narrador - que pode ser qualquer um dos dois - pontuando a movimentação da cena.
O conflito:
Depois de vários anos de relacionamento a mulher mostra-se exaurida pelo ciúme doentio do parceiro. Durante a "conversa" ficamos sabendo que os ataques vão e volta apesar do cara afirmar que faz de tudo para evita-los e se dizer profundamente abalados por não ter controle sobre os sentimentos destrutivos.
- Então não há remédio.
- Deve haver.
- Tenho de viver até quando nesta danação? Vou esperar até o fim da vida?
- É preciso compaixão.
- Novamente as palavras. Inúteis como sempre.
- Não são inúteis.
- Estou farta. Tínhamos passado três semanas sem essa coisa odiosa. Dias perfeitos.
- Manhãs, tardes e noites nós estávamos juntos. Eu não podia duvidar... de mim.
- Bastou eu me afastar algumas horas, para recomeçar outra vez. Então tudo que eu faço é o mesmo que olhar nos olhos de um cego?
Tenso!
Mas extremamente envolvente.
Terminei a leitura com a sensação de ter, realmente, presenciado alguns minutos de DR pesada.
Eu, famosa por minha falta de distanciamento com obras de ficção, quase tive uma síncope de tanta agonia com a loucura do fulano e por ela não dar um basta no relacionamento de uma vez por todas.
Eu ficava falando (sozinha kkkk):
- Minha filha, arruma tuas trouxas e dá o fora daí!!!!
É... sou assim...
Para os leitores que conhece Osman Lins só pela adaptação que Guel Arraes fez de LISBELA E O PRISIONEIRO, aconselho uma checada nesta coletânea. A profundidade e o olhar aguçado deste pernambucano podem surpreender e agradar aos amantes de boa Literatura.
Um beijo e ótimas leituras.
Adorei os trechos destacados! E apesar de não se distanciar muito da obra durante a leitura e as discussões do clube, acho que a tua comparação do conto com uma "peça de teatro em um ato" foi belíssima. Aquele "climão emocional-intelectual-filosófico" nos encantou também, né? Principalmente, na dramatização! Hahaha! Beeeeeeeeeijo!
ResponderExcluirKKKKK Beijos Amiiiga!
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