Palavras...

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quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

MEU NIRVANA de Augusto dos Anjos

"A obra de Augusto dos Anjos é um mergulho espiritual nas origens e na evolução do universo." 


☆ 1884  - ♱ 1914



   Para a última postagem de 2016 escolhi um poema do controverso, porém brilhante, Augusto dos Anjos. Um homem que viveu apenas trinta anos, mas deixou, para a poesia nacional, uma obra única e inovadora. Augusto do Anjos parecia sentir o mundo e a realidade de modo tão avassalador que, penso eu, ele escrevia para não sufocar. 

   O texto que escolhi está na segunda parte do livro EU E OUTRAS POESIAS. O meu exemplar é super velhinho, mas vou deixar a foto da edição que vocês encontram facilmente hoje em dia.


Martin Claret, 215 páginas

   
   Antes do poema, porém, uma última informação: 



...

O Meu Nirvana

No alheamento da obscura forma humana,
De que, pensando, me desencarcero,
Foi que eu, num grito de emoção, sincero
Encontrei, afinal, o meu Nirvana!

Nessa manumissão schopenhauereana,
Onde a Vida do humano aspecto fero
Se desarraiga, eu, feito força, impero
Na imanência da Ideia Soberana!

Destruída a sensação que oriunda fora
Do tato - ínfima antena aferidora
Destas tegumentárias mãos plebeias - 

Gozo o prazer, que os anos não carcomem,
De haver trocado a minha forma de homem
Pela imortalidade das Ideias!

   
   Que sejamos capazes de buscar e conquistar nossa forma de "imortalidade".



Um afortunado 2017 para todos, 
um beijo e ótimas leituras.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Eu recomendo: MEU REINO POR UM CAVALO 2 de Ivan Pinheiro Machado (editor)

"Citação: repetição incorreta do que foi dito por alguém." (Ambrose Bierce)






   Se você não tem o hábito de ler, ou lhe falta tempo, ou pior, está enfrentando uma ressaca literária: seu problemas acabaram! MEU REINO POR UM CAVALO! 2 é uma ótima solução para as situações supracitadas. Um livro leve, divertido e muito bem bolado.

"Meu reino por um cavalo! 2 amplia o universo de frases célebres, aforismos e citações que compõem o primeiro volume desta série. A frase que dá título a ambos os livros é o famoso brado do rei Ricardo III, William Shakespeare (...) Este livro, além de reunir um precioso conjunto de frases cunhadas através dos séculos por pessoas extraordinárias - de Sócrates a Millôr Fernandes -, também apresenta um diálogo entre texto e ilustração, tornando a leitura mais divertida."

L&PM Editores, 166 páginas

   O livro tem um índice remissivo que apresenta, brevemente, os donos das citações e  é dividido em 11 capítulos temáticos que falam de relacionamentos, arte, poder, existência, sociedade e mais. Tudo isso mesclado com ilustrações de diversos estilos e diferentes épocas. Uma graça! 

   Vou colocar abaixo algumas das que mais gostei. Apenas algumas, ok? Senão este artigo acabaria sendo a transcrição do livro.

"Se as mulheres são melhores do que os homens, eu não posso dizer. Mas posso dizer com absoluta certeza que elas não são piores." (Golda Meir)


"Você vê muitos caras inteligentes com mulheres burras; mas você quase nunca vê mulheres inteligentes com caras burros." (Erica Jong) 


"Ser feliz, portanto, é ter julgamento reto; ser feliz é contentar-se com seu destino, seja ele qual for, e amar o que se tem." (Sêneca)


"Quando os juízes roubam, dão licença aos ladrões para roubar." (Shakespeare)


"Existem três tipos de amigos: aqueles que, como o alimento, não podemos passar sem; aqueles que, como um remédio, precisamos de vez em quando; e aqueles que, como uma doença, não queremos ver de jeito nenhum." (Solomon Ibn Gabirol)


"Ser feliz é ter uma saúde boa e uma memória ruim." (Ingrid Bergman) 


"Coragem: a arte de ter medo sem demonstrar." (Pierre Vérond)


"Entre as coisas que respiram e andam sobre a terra, nenhuma é mais lamentável do que o homem." (Homero) 


"É perigoso está certo quando o governo está errado." (Voltaire) 


"Na política, se você quer um discurso, peça a um homem. Se você quer realizações, peça a uma mulher." (Magaret Thatcher)

...


Recomendadíssimo! Vai na fé.

Um beijo e ótima leitura.   

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Romances de Machado em ordem cronológica #3: MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS (1881).

"A obra em si mesma é tudo: se te agradar, fino leitor, pago-me da tarefa; se não te agradar, pago-te com um piparote, e adeus."


Ateliê Editorial, 309 páginas


"O que faz do meu Brás Cubas uma autor particular é o que ele chama "rabugens de pessimismo". Há na alma deste livro, por mais risonho que pareça, um sentimento amargo e áspero, que está longe de vir dos seus modelos. É taça que pode ter lavores de igual escola, mas leva outro vinho. Não digo mais para não entrar na crítica de um defunto, que pintou a si e a outros, conforme lhe pareceu melhor e mais certo." (M.A. no prefácio da 4a. edição) 

  As Memórias Póstumas de Brás Cubas contam a história de um sujeito que não fez nada de relevante durante sua vida, mas, que na morte consegue o distanciamento necessário para expor, de forma implacável, tanto sua medíocre existência quanto a hipócrita sociedade em que estava inserido. Analisando os acontecimentos da perspectiva do além-túmulo, o narrador adota o tom de quem pouco se importa com o julgamento do leitor e escancara geral. Brás Cubas, que, se houvesse existido de verdade, teria sido repugnante, é (em meu ponto de vista) uma das melhor es personagens da literatura.

  Filho único, mimado ao extremo por um pai permissivo e uma mãe submissa, desde cedo percebeu que estava inserido em um ambiente no qual todo e qualquer comportamento seu seria aceito e até endossado. A má índole encontrou a terra propícia para fertilizar suas sementes, e no Capítulo XI - O MENINO É O PAI DO HOMEM - o autor mostra, sem vergonha alguma, sua natureza perniciosa.    

"Desde os cinco anos merecera eu a alcunha de menino diabo; e verdadeiramente não era outra coisa; foi o mais maligno do meu tempo, arguto, indiscreto, traquinas e voluntarioso. Por exemplo, um dia quebrei a cabeça de uma escrava, porque me negara uma colher de doce de coco que estava fazendo, e, não contente com o malefício, deitei um punhado de cinza ao tacho, e, não satisfeito da travessura, fui dizer à minha mãe que a escrava é que estragara o doce por pirraça; e eu tinha apenas seis anos." (p.87)

 "De manhã, antes do mingau, e de noite, antes da cama, pedia a Deus que me perdoasse, assim como eu perdoava aos meus devedores;mas entre a manhãe a noite fazia uma grande maldade, e meu pai passado o alvoroço, dava-me pancadinhas na cara, e exclamava a rir: -Ah!brejeiro! ah! brejeiro!" (p.88) 

"Minha mãe era uma senhora fraca, de pouco cérebro e muito coração, assaz crédula, sinceramente piedosa, (...) O marido era na terra o seu deus. Da colaboração dessas duas criaturas nasceu a minha educação, que se tinha alguma coisa de boa, era no geral viciosa, incompleta, e, em partes, negativa." (p.88) 

 Com um narrador-personagem tão execrável, a história poderia ter embarcado em uma vibe bem repugnante, não fosse o talento e a maestria narrativa de Machado. Brás Cubas é uma "pessoa" horrível, só que é engraçado, espirituoso e sedutor. É impossível não cair na lábia do safado! 

  Acho que esta foi a quinta ou sexta vez que li o livro e não deu outra; a sensação de I love to hate you estava lá, novinha em folha.

  Até Woody Allen se rendeu ao "defunto-autor", e em 2011 elegeu Memórias Póstumas de Brás Cubas um dos cinco livros que mais tiveram impacto sobre sua vida e sua obra. Em entrevista ao jornal britânico The Guardian ele afirmou sobre Machado de Assis e seu texto: 

"...fiquei chocado com como ele era charmoso e divertido. Não acreditava que ele tivesse vivido  numa época tão distante. Você pensaria que foi escrito ontem. É tão moderno e prazeroso. É uma obra muito, muito original."

  É como sempre digo: Machado É Machado. Único, incomparável, fenomenal! 


Um beijo e ótimas leituras.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Eu recomendo: NO MAR de Toine Heijmans

"É assim. Não se pode velejar para sempre, chega um momento em que querem você de volta à terra."


Mar do Norte - imagem de um satélite da NASA.



 "Não há razão para se arriscar...
(Última frase do diário de bordo do velejador  solitário Donald Crowhurst, 1969.)"

"Ele foi o arquiteto de sua própria ruína.
Tentou fazer algo que saiu desastrosamente errado.
(Seu filho, Simon Crowhurst, em entrevista ao jornal  britânico THE TIMES, 2006)"


  Estes dois trechos acima são as epígrafes do livro...

Cosac Naif, 160 páginas
(Disponível no programa KINDLE UNLIMITED)


  Foi no mínimo preocupante, para mim, começar o texto que fala sobre uma viagem de barco no Mar do Norte com introduções tão agourentas. 

Abre parenteses.
  
  Como eu nunca tinha ouvido falar em Donald Crowhurst, fui pesquisar pra saber qual era o caso; até para ficar atenta às possíveis conexões entre os fatos e a ficção. Deixo aqui o link da Wikipedia que contém um resumo da história.

Fecha parenteses. 

  
  O livro do escritor holandês conta a história de Donald (!), um homem na faixa dos 40 anos, desiludido com a vida corporativa, que decide tirar três meses de licença para clarear as ideias. Velejador amador, ele resolve passar este tempo circulando, em seu pequeno veleiro Ishmael (!!), pelo Mar do Norte. Ao final deste período sabático, nas ultimas 48 horas de viagem, sua filha de 7 anos, Maria, se junta a ele. É justamente neste momento - quando ele já está esgotado pela dura rotina no mar e preocupado com que o espera no regresso - que tudo sai dos eixos. 

  Boa parte da narrativa tem a forma de um diário de bordo, no qual Donald registra muito mais das suas lembranças, angustias e receios, do que dos fatos técnicos relacionados à navegação. 

"Crianças não diferenciam sonho de realidade. Seria bom se adultos também fizessem isso às vezes. Para mim, a realidade também pode ser um sonho. E vice-versa." 

"Maria é uma criança forte. Foram poucas vezes que a vi com medo. De qualquer forma, ela não conhece o medo adulto, que esmaga os miolos da gente. Medo de criança é diferente. É fácil de espantar (...) Medo mesmo a gente só sente mais tarde." 

"Um barco pode zarpar, mas no fim tem que retornar a um porto. O mundo é assim. Os únicos barcos que permanecem no mar são os que naufragaram." 

"Pais cedem mais rápido que mães. Mães sabem que o amor de seus filhos é incondicional. Elas podem se permitir certas coisas. Pais têm algo a provar."

  O leitor fica com a sensação que tem alguma coisa que não bate no relato, mas o discurso do cara é tão envolvente, tão carregado de expectativas, que é impossível não se deixar levar. 

  Este foi meu primeiro contato com a literatura holandesa e me deixou com uma impressão boníssima. Um texto tenso, por vezes angustiante, porém de uma beleza incomum.

  Um beijo e ótimas leituras.

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

A jornada de Lia nas CRÔNICAS DE AMOR E ÓDIO, de Mary E. Pearson.

Fugir para se encontrar...


Mentira, Traição, Escuridão...

  • Deception - ato de esconder a verdade, normalmente com o intuito de obter vantagens. Pode ser traduzido como mentira, engodo.
  • Betrayal - ato de cometer deslealdade com amigos ou com a pátria. Traição.
  • Darkness - insuficiência ou ausência de luz. Escuridão. 

  Estes três conceitos são os fios condutores da saga criada por Mary E. Pearson. Às vezes eles aparecem de modo bem explícito, porém, numa parte substancial da narrativa são apenas vultos que um leitor atento detecta como os indícios do que virá. 

  No Brasil o primeiro livro foi lançado pela Editora Darkside ano passado e virou febre. O segundo chega ao mercado dia 31 de outubro com status de objeto de desejo. O último volume ainda não tem previsão de lançamento por aqui.

De baixo pra cima: Darkside, 409 páginas; Henry Holt & Company 473 e 684 páginas

  À esta altura do campeonato acho que nem tem mais graça falar da premissa...  


  Contudo, devo observar que história da princesa que foge no dia de seu casamento, vai trabalhar como empregada em uma taverna, é perseguida pelo príncipe que a desposaria e por um assassino enviado por um reino rival, tem desdobramentos surpreendentes que revelam, tanto para as personagens quanto para os leitores, um mundo complexo, brutal e fundamentalmente regido pela tríade engodo-traição-escuridão.

  Ironicamente, é a negação e subsequente fuga de Lia que a colocam de frente à esta implacável realidade. Nossa heroína atravessa uma longa e árdua jornada de dor, perdas e decepções. Todavia, é este tortuoso caminho que a mune com força, coragem e amizades valiosas. Enquanto a Lia do primeiro livro é atraente, a que encerra a aventura é quase hipnótica.

Fuga

Descoberta
Enfrentamento

  Uma história bonita, bem executada e com personagens encantadoras. Daquelas que nos acompanham por muito tempo depois do ponto final do livro, fazem o leitor se solidarizar com suas dores, vibrar por suas conquistas e torcer para que elas tenham, de uma forma ou de outra, um final feliz.

  Para mim, THE KISS OF DECEPTION, THE HEART OF BETRAYAL e THE BEAUTY OF DARKNESS foram as grandes surpresas literária de 2016.


Um beijo e ótimas leituras.      

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Contos de Machado que recomendo (#7): TERPSÍCORE

"Às vezes, pensava no dinheiro, e recomendava ao marido que se contivesse, que salvasse alguma coisa para pôr na Caixa; ele dizia que sim, mas contava mal, e o dinheiro ia ardendo..."




  O conto TERPSÍCORE veio a público em 1886, no Suplemento Literário da GAZETA, mas só foi publicado em livro no ano de 1996, depois de ter sido resgatado - do meio de várias crônicas menores - pelo escritor Paraense Haroldo Maranhão

  Terpsícore é a musa grega da dança e da música, que, apesar de só aparecer no título da história, rege, implacavelmente, o comportamento dos protagonistas, Porfírio e Glória

TERPSÍCORE, musa da música e da dança - óleo sobre tela, Jean-Marc Nattier (1739)

  O conto começa com a esposa acordando e vendo o marido sentado na cama, o olhar perdido em preocupações. Na sequencia, somos informados da penúria em que o casal se encontra. Contas atrasadas, ameaça de despejo, o dinheiro que mal dá para a alimentação. 

  "Diabo! tanta despesa! Conta em toda a parte! é a venda! é a padaria! é o diabo que os carregue. Não posso mais. Gasto todo santo dia manejando a ferramenta, e o dinheiro nunca chega. Não posso, Glória, não posso mais..." 

  Todavia, os sentimentos de empatia e pena que, por ventura, se ensaiam no leitor, são rapidamente suprimidos, quando Porfírio relembra do comportamento (desde o momento em que decidiu cortejar Glória, até a festa de casamento)  que o conduziu para uma vida de dificuldades e privações.

"Antes, porém, de casar, logo depois de começar o namoro, Porfírio tratou de preencher uma lacuna da sua educação; tirou dez mil-réis mensais à féria do ofício, entrou para um curso de dança, onde aprendeu a valsa, a mazurca, a polca e a quadrilha francesa."  

"Que poupar despesas? Mas se num dia grande como esse não se gastava alguma coisa, quando é que se havia de gastar?"

"E assim se cumpriu tudo; foram bodas de estrondo, muitos carros, baile até da manhã. Nenhum convidado queria acabar de sair." 

  Endividado até o pescoço, sem economias guardadas e seis meses de aluguel atrasado, o rapaz resolve apostar em dois bilhetes de loteria, na esperança de ganhar e, a partir de então, levar uma vida mais previdente. O desfecho da história, entretanto, mostra como Machado botava pouca fé na capacidade das pessoas aprenderem com os próprios erros. 

  De uma forma muito bem humorada e irônica, ele deixa registrada a seguinte lição: quem nasceu para se comportar como cigarra, provavelmente nunca agirá como formiga.

-Ai, ai Machado... você é demais!!

Em 50 Contos de Machado de Assis, página 401.
   
Companhia das Letra, 487 páginas

Um beijo e ótimas leitura.

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Coisas de Leitor: "Eu não preciso saber quem é Elena Ferrante!"

Penso que o fuzuê sobre a identidade da pessoa que escreveu A SÉRIE NAPOLITANA tem mais ligação com a necessidade de produzir notícias, do que com a (eventual) curiosidade de um leitor ou outro.




  Eu li A AMIGA GENIAL ano passado e lembro que achei massa a autora (ou autor) não revelar sua identidade e só dar entrevista via e-mail. Uma atitude até admirável em um mundo em que a regra é: exposição, exposição, exposição...  

  Li o livro, achei a história extremamente tocante, e quero muito ler os próximos volumes, porque preciso saber o que vai ser de Lila e Lenu. Criei empatia com as personagens, gostei da forma como a trama flui, me comovi com a realidade retratada e, portanto, pouco me importa a verdadeira identidade de Ferrante

  Quem ela é, ou deixa de ser, é tão irrelevante para mim, que chega ser engraçado ler algumas das afirmações que estão circulando por aí, dizendo que, agora que a identidade dela foi provavelmente descoberta, o nível de fascinação sentida pelos leitores tenderá a diminuir. 

- Faz-me rir!!!

  E desde que quando leitor - que é leitor mesmo, que gosta de se deparar com um bom texto, uma boa condução de trama, o leitor legítimo - precisa estar ciente dos dados no RG, CPF ou carteira de vacinação dos escritores que admira? 

  A mídia e os "formadores de opinião" estão muito mal acostumados à ideia de ditarem tendências e programarem o comportamento e a opinião das pessoas. Só que, comigo e com um monte de gente, isto não cola já faz tempo. 

  Se Elena Ferrante é Mané ou Manú, eu não quero nem saber! O que importa mesmo é a identidade do TEXTO escrito por ela. 

  O resto soa apenas como manipulação e desespero para completar pautas jornalísticas. 

Editora Globo, 331 páginas

- Deixa a criatura escrever em PAZ! 


Um beijo e ótimas leituras.

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

3 bons livros para ler rapidinho. (#7)

A hora e a vez da meninas. 


#trilogias


Nestes três inícios de sagas, as protagonistas sofrem, apanham, relutam, esperneiam, mas é aquela velha história: 

- Se a Força estiver atrás de você, querida, não adianta; Ela vai te encontrar! 

...

#1 - 

  Em THE KISS OF DECEPTION de Mary E. Pearson, temos a história da princesa Lia, primeira filha do reino de Morrighan, que foge no dia de seu casamento. A moça não sente vocação para a vida de princesa, tampouco para as obrigações do cargo; casar para firmar uma aliança política está, então, fora de questão. 
  O problema é que o "destino" vai atrás dela por meio não de um, mas de dois enviados, com propósitos bem distintos, e que a afetarão ao ponto de fazê-la rever todas as convicções em que acreditou a vida toda. 
  Primeiro volume da trilogia CRÔNICAS DE AMOR E ÓDIO (The Remnant Chroicles), The Kiss of Deception, angariou uma legião de fans que, no Brasil, contam os dias para o lançamento do segundo volume.


DARKSIDE BOOKS, 406 páginas

#2 -

  A COURT OF THORN AND ROSE é um livro tão "hype-ado" que é carinhosamente apelidado pelos fãs (e não-fãs também) de  ACOTAR. 
  A autora Sarah J. Maas sabe bem vender seu peixe e interage bastante com os fãs mundo a fora, pelo YOUTUBE, INSTAGRAN e por aí vai.
  A história é um livre reconto de A Bela e a Fera, e todos os elementos que não podem aparecer explicitamente em história infantis - cito: sexo, tortura, estresse pós traumático - são mostrado aqui com pouquíssimo filtro.
  No Brasil a série está sendo publicada pela Editora Record (sob o selo Galera Record) e já conta com o segundo livro, A COURT OF MIST AND FURY.


BLOOMSBURY, 419 páginas

#3 -

  Alina é uma das muitas órfãs produzidas por anos de  guerra em Ravka (um lugar que pode, ou não, ter sido inventado com inspiração na Rússia Czarista) e, durante a vida inteira, sempre acreditou ser apenas isto: mais uma pessoa fadada a enfrentar, sem grandes chances de sucesso, os revezes de um mundo brutal.  
  A vida de Alina muda quando ela, e todos ao seu redor, descobrem que a moça é uma Grisha - elite mágica que serve ao soberano do reino, e liderada pelo sinistro Darklin. 
  SHADOW AND BONE de Leigh Bardugo é o primeiro livro da Trilogia Grisha, que já está completamente editada e, saiu por aqui pela Editora Gutenberg. 


Henry Holt & Company, 368 páginas


Um beijo, e ótimas leituras.

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Eu recomendo: Temporada #1 de SENSE8 - NETFLIX

"You are no longer just you!"





Estréia: Junho de 2015

Gênero: Ficção Dramática

Número de episódios: 12

Criadores: Lilly Wachowski, Lana Wachowski e J. Michael Straczynski

Próxima temporada: Primeiro semestre de 2017





Exausta. Tensa. Deslumbrada.

Era assim que eu estava toda as vezes que concluía uma das três sessões em que dividi a primeira temporada de SENSE8. 

Três dias, quatro episódios por vez, e no fim parecia que eu havia corrido uma maratona.

Mas, antes de falar das minhas impressões, deixem-me ver se consigo explicar um pouco do que se trata esta série começando pela base da premissa.

Vamos lá:

Alguém aí já ouviu falar em RESSONÂNCIA LÍMBICA?

Na página HORÓSCOPO VIRTUAL do site UOL, o psicanalista e escritor Paulo Bregantin inicia sua explicação assim: 

"Ressonância límbica é uma capacidade dos mamíferos de entrar em sintonia com as manifestações internas dos outros. É a capacidade de sentir e até mesmo entender o que o outro sente. É um fenômeno que podemos dizer físico, anatômico, psicológico e espiritual." 

Vou deixar o link da matéria completa, para quem se interessar, AQUI. 

Voltando:

Agora imagine que oito pessoas, espalhadas por oito lugares diferentes no planeta terra (São Francisco, Chicago, Cidade do México, Londres, Berlin, Nairóbi, Mumbai, Seul), compartilhem desta capacidade em um grau elevadíssimo de conexão, vário níveis acima da Ressonância Límbica padrão. 

É a história destas oito pessoas - cada uma com seus dramas pessoais, com seus pontos fortes e fracos, da estranha e poderosa aliança que surge entre elas - que é contada nesta série.



"Sense8 conta a história de oito desconhecidos: Will Gorski, Riley Blue, Capheus "Van Damme", Sun Bak, Lito Rodriguez, Kala Dandekar, Wolfgang Bogdanow e Nomi Marks.
Cada uma dessas pessoas é de uma cultura e um país diferente (exceto, Gorski e Nomi. Ambos americanos). Em seu cotidiano, todos subitamente têm uma visão da violenta morte de uma mulher chamada Angelica e, a partir de então, eles descobrem estar mental e emocionalmente ligados um ao outro, sendo capazes de se comunicar, sentir e apoderar-se do conhecimento, linguagem e habilidades alheias. A quem tem esse tipo de dom é dado o nome de Sensate. Ao passo que tentam descobrir como e por que esta conexão aconteceu e o que isso significa, um misterioso homem chamado Jonas tenta ajudar os oito. Enquanto isso, outro estranho chamado Whispers tenta caçá-los, usando o mesmo poder "sensate" para ganhar acesso total a uma mente sensate (pensamentos/visão) depois de olhar em seus olhos. Cada episódio reflete os pontos de vista dos personagens que interagem uns com os outros enquanto aprofundam suas origens, suas diferenças e as experiências passadas que possam uni-los." (FONTE: Wikipedia)

Muito legal! 

Logo no início a conexão entre eles se dá de modo muito tênue - um som, um cheiro, uma imagem - como flashes de sensações, mas que vão evoluindo e aumentando até chegar a momentos apoteóticos. 

É um espetáculo para os sentidos do expectador. 

Tanto o elenco principal, quanto o coadjuvante, é tão bem entrosado que eu não consegui escolher meu personagem favorito. Também não sei dizer qual episódio gostei mais, pois todos tem algo de incrível e surpreendente. 

Um caso clássico de paixão pelo conjunto da obra. 

Interpretações competentíssimas, trama bem elaborada, locações soberbas e cenas de tirar o fôlego, me levaram a fazer algo raro em minha rotina: ficar verdadeiramente entredia na frente da TV.

SENSE8 é um exercício de alto impacto para a nossa massa cinzenta ;)

Recomendadíssimo!

Um beijo e boa diversão. 

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Lendo O LIVRO DA LITERATURA #1: Introdução

Os últimos 4000 anos da literatura de nossa civilização...em resumo.



GLOBO LIVROS, 352 páginas


"O ato de contar histórias é tão antigo quanto a própria humanidade."

   

 O impulso de transmitir e capturar fatos, sensações e sentimentos, é, para o ser humano, algo quase tão natural quanto respirar. 

   Fazemos isto o tempo todo.

  Quando acessamos os meios de comunicação em busca de notícias, conversamos com nossos familiares após um longo dia de trabalho, cumprimentamos um amigos com um prosaico "E aí, conta as novas!", estamos alimentando a ancestral necessidade de contar e ouvir histórias.

   O que O LIVRO DA LITERATURA propõe, é falar um pouco sobre a História da produção literária, através de algumas grandes obras, contextualizando inúmeros textos, de 3000 AC até os dias atuais. 

"Este livro embarca em uma jornada cronológica pela literatura, usando mais de uma centena de livros como marcos ao longo do caminho. Essa viagem também emprega uma abordagem global ao explorar textos literários de uma ampla variedade de culturas diferentes que muitos leitores podem não ter visto anteriormente."
   

   Um outro cuidado que os organizadores tiveram foi com o tom das indicações. Eles deixam bem claro na INTRODUÇÃO do trabalho que não se trata de uma lista rígida de leituras obrigatórias. Aos mais de 100 títulos colocados no foco principal, são acrescentados outras duas centenas de obras referenciais, indicadas para um eventual aprofundamento.


Na INTRODUÇÃO de O LIVRO DA LITERATURA, além de toda a explicação sobre o objetivo desta compilação, ainda há anotações sobre A HISTÓRIA DA LITERATURA, A ASCENSÃO DO ROMANCE e A EXPLOSÃO GLOBAL.

"A publicação global, a publicação independente e na internet, cursos de literatura global, prêmios nacionais e internacionais de literatura e o numero crescente de traduções de trabalhos publicados estão trazendo romances modernos australianos, canadenses, sul-africanos, indianos, caribenhos e chineses, entre outros, para o público mundial."

   
   Meu intuito inicial era usar este livro como guia de leitura, mas agora mudei de ideia. Vou encará-lo de cabo-à-rabo, e registrar minhas impressões. Um projeto tão bem concebido merece uma atenção especial.




"Escrito em linguagem simples, O LIVRO DA LITERATURA  é acessível e traz ilustrações divertidas e gráficos explicativos que fazem dele uma ótima introdução à literatura."    

   Aqui no SALVA PELO LIVRO farei um artigo para cada uma das 7 partes desta compilação, falando sobre minha experiência da leitura e o que me chamou mais a atenção.

Os Tópicos:

  • HERÓIS E LENDAS (3000 A.C - 1300 D.C.)
  • DO RENASCIMENTO AO ILUMINISMO (1300 - 1800)
  • O ROMANTISMO E A ASCENSÃO DO ROMANCE (1800 - 1855)
  • A REPRESENTAÇÃO DA VIDA REAL (1855 - 1900)
  • O ROMPIMENTO COM AS TRADIÇÕES (1900 - 1945)
  • A LITERATURA DO PÓS-GUERRA (1945 - 1970)
  • LITERATURA CONTEMPORÂNEA (1970 até o presente)

 
Um beijos e ótimas leituras.