"A obra de Augusto dos Anjos é um mergulho espiritual nas origens e na evolução do universo."
☆ 1884 - ♱ 1914 |
Para a última postagem de 2016 escolhi um poema do controverso, porém brilhante, Augusto dos Anjos. Um homem que viveu apenas trinta anos, mas deixou, para a poesia nacional, uma obra única e inovadora. Augusto do Anjos parecia sentir o mundo e a realidade de modo tão avassalador que, penso eu, ele escrevia para não sufocar.
O texto que escolhi está na segunda parte do livro EU E OUTRAS POESIAS. O meu exemplar é super velhinho, mas vou deixar a foto da edição que vocês encontram facilmente hoje em dia.
Martin Claret, 215 páginas |
Antes do poema, porém, uma última informação:
...
O Meu Nirvana
No alheamento da obscura forma humana,
De que, pensando, me desencarcero,
Foi que eu, num grito de emoção, sincero
Encontrei, afinal, o meu Nirvana!
Nessa manumissão schopenhauereana,
Onde a Vida do humano aspecto fero
Se desarraiga, eu, feito força, impero
Na imanência da Ideia Soberana!
Destruída a sensação que oriunda fora
Do tato - ínfima antena aferidora
Destas tegumentárias mãos plebeias -
Gozo o prazer, que os anos não carcomem,
De haver trocado a minha forma de homem
Pela imortalidade das Ideias!
Que sejamos capazes de buscar e conquistar nossa forma de "imortalidade".
Um afortunado 2017 para todos,
um beijo e ótimas leituras.