Palavras...

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terça-feira, 16 de janeiro de 2018

O VELHO E O MAR de Ernest Hemingway (em 1001 e um livros para ler antes de morrer)


"- Mas o homem não foi feito para a derrota, disse em voz alta. Um homem pode ser destruído, mas nunca derrotado." (p.109)


Editora Civilização Brasileira (1981), 133 páginas.
...


   Santiago está há 84 dias sem pegar um peixe sequer. É um pescador experiente e respeitado no seu vilarejo em Cuba, mas passa a ser visto como um azarado, por conta de suas incursões infrutíferas ao mar. A coisa é tão grave que o seu aprendiz foi proibido pela família se sair para pescar com ele. O pai resolveu que era melhor empregar o garoto em um barco de sorte. 

"O velho chamava-se Santiago. Dia após dia, tripulando sua pequena canoa, ia pescar no GULF STREAM. Mas nos últimos oitenta e quatro dias não apanhara um só peixe. Nos primeiros quarenta levara em sua companhia um rapazinho para auxiliá-lo. Depois disso, os pais do rapaz, convencidos de que o velho se tornara um SALAO, isto é, azarento da pior espécie, resolveram que o filho fosse trabalhar noutro barco, que trouxera três bons peixes apenas em uma semana. O rapaz ficava triste ao ver  o velho regressar todos os dias com a canoa vazia e ia sempre ajudá-lo a carregar os rolos de linha, ou o gancho e o arpão, ou ainda a vela que estava enrolada à volta do mastro. A vela fora remendada em vários pontos com velhos sacos de farinha e, assim enrolada, parecia a bandeira de uma derrota permanente." (p.9)    

   No octogésimo-quinto dia Santiago sente que algo de extraordinário pode acontecer. Antes do sol nascer ele está de pé e, ajudado por Manolin - seu antigo auxiliar, ele reúne o precário equipamento de trabalho.

  É lindo testemunhar o amor, a amizade, entre o velho e o menino. Principalmente porque é através do olhar terno deste, que entendemos toda a penúria na qual vive o pescador. É Monolin quem observa os detalhes da cabana pobre e decrépita, que trás comida para o ancião - que alega não sentir fome, quando na verdade não tem é recursos para prover o próprio alimento. E o menino sofre porque sabe o que é a vida do amigo.

   Então, o velho pescador entra no mar e, sim, fisga um enorme espadim. Um peixe teimoso, tenaz e forte, exatamente como Santiago, e que transforma a pescaria do octogésimo-quinto dia em um embate de proporções épicas.




"Peixe, falou ele, não o largo enquanto viver." (p.56)


"Peixe, disse o velho, eu gosto muito de você e o respeito muito. Mas vou matá-lo antes do final do dia." (p.57)



   Hemingway construiu uma narrativa enxuta, direta, porém profunda e tocante. Eu, particularmente, fiquei muito comovida, e ainda agora, duas semanas após ter concluído a leitura, me pego pensando na história de Santiago.

   Um texto belíssimo!

Um beijo, e ótimas leituras.