"- Mas o homem não foi feito para a derrota, disse em voz alta. Um homem pode ser destruído, mas nunca derrotado." (p.109)
Editora Civilização Brasileira (1981), 133 páginas. |
Santiago está há 84 dias sem pegar um peixe sequer. É um pescador experiente e respeitado no seu vilarejo em Cuba, mas passa a ser visto como um azarado, por conta de suas incursões infrutíferas ao mar. A coisa é tão grave que o seu aprendiz foi proibido pela família se sair para pescar com ele. O pai resolveu que era melhor empregar o garoto em um barco de sorte.
"O velho chamava-se Santiago. Dia após dia, tripulando sua pequena canoa, ia pescar no GULF STREAM. Mas nos últimos oitenta e quatro dias não apanhara um só peixe. Nos primeiros quarenta levara em sua companhia um rapazinho para auxiliá-lo. Depois disso, os pais do rapaz, convencidos de que o velho se tornara um SALAO, isto é, azarento da pior espécie, resolveram que o filho fosse trabalhar noutro barco, que trouxera três bons peixes apenas em uma semana. O rapaz ficava triste ao ver o velho regressar todos os dias com a canoa vazia e ia sempre ajudá-lo a carregar os rolos de linha, ou o gancho e o arpão, ou ainda a vela que estava enrolada à volta do mastro. A vela fora remendada em vários pontos com velhos sacos de farinha e, assim enrolada, parecia a bandeira de uma derrota permanente." (p.9)
No octogésimo-quinto dia Santiago sente que algo de extraordinário pode acontecer. Antes do sol nascer ele está de pé e, ajudado por Manolin - seu antigo auxiliar, ele reúne o precário equipamento de trabalho.
É lindo testemunhar o amor, a amizade, entre o velho e o menino. Principalmente porque é através do olhar terno deste, que entendemos toda a penúria na qual vive o pescador. É Monolin quem observa os detalhes da cabana pobre e decrépita, que trás comida para o ancião - que alega não sentir fome, quando na verdade não tem é recursos para prover o próprio alimento. E o menino sofre porque sabe o que é a vida do amigo.
Então, o velho pescador entra no mar e, sim, fisga um enorme espadim. Um peixe teimoso, tenaz e forte, exatamente como Santiago, e que transforma a pescaria do octogésimo-quinto dia em um embate de proporções épicas.
"Peixe, falou ele, não o largo enquanto viver." (p.56)
"Peixe, disse o velho, eu gosto muito de você e o respeito muito. Mas vou matá-lo antes do final do dia." (p.57)
Hemingway construiu uma narrativa enxuta, direta, porém profunda e tocante. Eu, particularmente, fiquei muito comovida, e ainda agora, duas semanas após ter concluído a leitura, me pego pensando na história de Santiago.
Um texto belíssimo!
Um texto belíssimo!
Um beijo, e ótimas leituras.